sábado, 14 de novembro de 2009

Não existe mensagem de voz em sua caixa postal

Domingo à noite o telefone toca. É sempre assim. Quase no mesmo horário. Perto das oito. Nem precisa ver o identificador de chamadas. É ele, voltando de viagem.
O que ele quer dizer? 'Oi, gata. Estou com saudades!'. Não, ele não diria isto. Ele diria: 'Quero te ver'. Ele é prático. Homem de poucas palavras.
Ela sim sentia saudades. Não dele, mas da época em que eles, os dois, tentavam se conquistar. Um ao outro. Tempo bom. De conversa boa e cerveja importada.
Mas, agora eles estavam nus. Sem máscara e maquiagem. E o que um via no outro era sombra e solidão. Ficavam juntos para se sentirem sozinhos, acompanhados. Para um ficar ao lado do outro, distantes. Ausentes.
Sete e cinquenta e nove. O telefone toca. Não seria domingo se não tocasse. É ele, voltou de viagem. O identificador de chamadas confirma.
E ela se arruma. Passa batom. Fica Bonita. Deixa o telefone tocando...


E vai ao cinema sozinha...

12 comentários:

Unknown disse...

Nossaaaaaa
Apreciei d+ teu blog...
Bem como este texto...
Mui belo!!!
Bjinn
=D

Heloísa Vilela disse...

Não gosto de pessoas de poucas palavras, elas me parecem tão frias... Talvez por eu ser intensa demais, ou não.

Bjs :)

thais m. disse...

Que final estratégico ,e perfeito (:

adorei .

Fernanda disse...

Talvez ele esteja a esperando no cinema..tudo pode acontecer nessa vida.

Desmanche de Celebridades disse...

Desfecho em partes inesperado.
Gostei do texto.
Deve ser duro perceber que tudo virou costume e obrigação, e que não faz mais diferença nenhuma pra nós. Nunca passei por isso, mas sei que acontece.
Abraços.

Mariana Andrade. disse...

porque o melhor é ser feliz pra nós mesmas, sem precisar dar satisfações à ninguém.


=*

Érica Ferro disse...

Quando duas pessoas ficam lado a lado, sem interagir, sem sintonia, ficar ao lado do outro só para não sentir-se só (totalmente), é melhor cada um explorar sua solidão no seu canto, para, só assim, se encontrar com elas mesmas, e depois, quem sabe, encontrar-se de novo e serem duas pessoas efetivamente feliz.

Muito bom, como sempre, o post.

Grande abraço.

P.s: Ah, que bonitinho você lembrar de Romeu e Julieta com o meu poema.
Ah, uma coisa que quero te perguntar: você compete desde cedo? ^^
:*

marinaCqm disse...

No decorrer da leitura
lembrei-me desta música:

"Uh, se a gente já não sabe
mais rir um do outro, meu bem,
então o que resta é chorar[...]"
(Vento - Los Hermanos)

Bem, quanto ao texto
nem preciso comentar muito...
sempre bem feito, idéias
sempre interessantes.

"Sem máscara e maquiagem. E o que um via no outro era sombra e solidão."

Engraçado como o "sem máscara
e maquiagem" aí neste seu texto
se aplicou de maneira maléfica.
Daí vemos as várias facetas e
interpretações da nossa linguagem.
Eu leria como algo bom...
sem máscara, sem maquiagem,
sem dúvidas e mistério, só amor. =]

Abraços, querida!
Sempre um prazer vir aqui.

Luna disse...

é isso aí moça! teu desfecho foi ótimo!

:)

Natália Corrêa disse...

A solidão acompanhada é a pior que existe :/

Felicidade Clandestina. disse...

Desfecho perfeito !
Escreves lindo ,flor ;**

Glaucovsky disse...

É isso aí. Quem não faz gol, toma!