terça-feira, 29 de setembro de 2009

Neurotransmissores

Minha respiração falha por um segundo, mas ninguém percebe. Quase me falta o ar. Meu coração bate tão forte que olho para os lados para ver se alguém também escuta. Mas, não. Só eu ouço. Só eu sinto. Percebo que todo mundo está tão tranquilo, querendo saber sobre o seu final. Sobre o seu happy end, que nem se dão conta do meu rubor. Do meu tambor aqui dentro do peito. O que vai ser da minha vida? Pergunto. Eu não sei. Ninguém sabe. E isto até que é bom. Pois, sentir frio na barriga não é tão ruim assim. Eu já me acostumei. Vicie, aliás. E quando me vejo nestes teus olhos castanhos, meu coração dispara novamente. E sinto algo que não sei dizer. Explicar. Escrever. É a adrenalina? A dopamina? A serotonina? A oxitocina? Ou só o amor?

Seja lá o que isto for, é bem melhor que chocolate!!!

sábado, 26 de setembro de 2009

Dedicatória

Para Davi (meu filho),

que um dia irá chegar e me ensinar este tipo de amor pelo qual as pessoas se dispõem a morrer.



Ele escrevia tão bem, era o melhor da sua geração. Nascera poeta. Artista. Escritor. Em suas linhas, o amor era tão fácil de ser vivido. E o inverno sempre verão. Tudo era motivo para festa, carnaval, diálogo e poesia. E escrevia, escrevia, escrevia. Como um pescador que vai para o mar sem se importar com o mal tempo. Falava em suas rimas sobre o amor, sobre a dor, sobre a paz e a alegria. E seus poemas viraram textos. Os seus textos, um grande livro. Um lindo livro. Sem dedicatória... que o empobreceu. Que triste: ele nunca tinha vivido um grande amor.

E disto surgiu mais um verso e tantos outros, escritos para ninguém.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Domesticar

Verbo em extinção.

Tornar-se de casa. Andar descalço. Comer pizza com a mão. Cantar em inglês errado. Cabelo despenteado. Sobras no fogão. Pão francês com manteiga. Mancha de tomate na camiseta. Creme de beleza no rosto. Dormir com travesseiro gostoso. Abrir a geladeira sem pedir. Ser o mais próximo que conseguir e ainda assim, sentir saudade.

DOMESTICA-ME!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Retrato Falado

Em Verso:

A minha verdade é que sou filha da mãe.
Da minha mãe.
E do meu pai também.
Um pouco da teimosia de um,
Misturado com a generosidade do outro.
E vice e versa.
As partes que se uniram para formar o meu todo.
Sou caçula para sorte dos meus irmãos.
E para o meu azar.
Para a minha azaração, escolhi a comédia.
A romântica.
Adoro rir.
Adoro fazer rir.
Amo me apaixonar.
E seria apaixonante se alguém me amasse também.
No clube, sou esportista.
Na faculdade, fui hippie.
Na profissão, sou clássica.
E no clássico, sou Corinthians.
Sou careta.
Sou roqueira.
Sou reta.
Sou convexa.
Sou santa.
Sou insana.
Estou me contradizendo?
Não importa.
Sou tantas.
Tantas sou.
Tantã.
Esta é a minha verdade,
E não me dói.

Em Prosa:

Sou filha do amor. Esta é a maior herança que tenho. Sou teimosa? Hum, prefiro persistente, ariana. E generosa, sempre. Inclusive no trânsito. Sou filha do meus pais. A caçula dos quatro. Obedeci aos meus irmãos até ontem, quase. Cresci. Para mim, não tem nada melhor que ser feliz e amar. Rir e gostar. Sou engraçada. Apaixonei-me tantas vezes quanto foi possível. Agora procuro um amor, daqueles que podem ser eternos (apesar do que diz Vinícius). Faço natação. Corro. Quis ser hippie por muito tempo. Mas tomava banho. Sou psicóloga. E sempre Corinthiana. Tiro fotos fazendo careta. Adoro rock nacional. Não tenho silicone. E sempre quero emagrecer. Sou quieta. E sou louca. De perto quem é normal? Sou muitas. E sou única também.

sábado, 19 de setembro de 2009

Embriaguez

- Você me causa embriaguez, ele disse com sua voz aveludada.
Certo que ERA o melhor dos elogios que ela ouvira.
Ela o olha e um sorriso escapa dos seus lábios.
ERA.


Causar Embriaguez: ficar tonto. Deixar os sentimentos tão confusos ao ponto de querer escrever poema, cantar canção de ninar, tomar chuva de verão, gritar aos ventos que é feliz.

E não há vinho tinto que cause o mesmo efeito.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Lois Lane

Eu decoro alguma coisa para lhe falar. Receio que se falar de improviso, a minha voz falhe. Então decoro mesmo. Quero que você me salve. Do quê, ainda não sei bem. Sinto que corro perigo longe dos seus braços e olhos. Vai ouvir os meus gritos mesmo com o ruídos dos carros?
Mas, claro que não digo isto. Não digo nada, aliás. Ensaiei por horas o texto que ele ficou assim, meio sem vida; meio robótico. O 'eu te amo' do final da frase nem tem expressão. Você acreditaria se eu dissesse? É, ninguém acreditaria...
Também me acovardei sob uma máscara. E ela caiu tão bem para mim, ao ponto de me olhar no espelho e não me reconhecer mais.
Como vê, você não é o único a carregar segredos.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Convite Romântico

Ainda sonho com o dia em que convidar uma moça para ir à livraria será tão romântico e emocionante quanto convidá-la para ir ao cinema.
E ela esperará ansiosamente por isto.

sábado, 12 de setembro de 2009

Encruzilhada

Enfim nos reencontramos. Quanto tempo já se passou. Veio aquele filminho da nossa vida em sua cabeça? Não? nem na minha. Acho que isso só acontece com quem morre. Ou com quem ama, não sei. Mas, surgiu o mesmo embaraço da primeira vez. É estranho sermos estranhos, um para o outro. Ensaio algumas perguntas: 'Como vai a família'? Ou 'como está a sua namorada anã'? Mas, não digo nada. Falaremos sobre o tempo mesmo. Se vai chover ou fazer sol, assim será melhor. Você foge do protocolo e diz que continuo bonita. Eu respondo, meio sem graça, que você continua o mesmo. Sem saber se isto é um elogio ou não. Quase sorrimos. Beijinhos no rosto, dois. E adeus. Tenho vontade de olhar para trás, confesso. Sei que você estará na esquina me olhando. Com a mão sobre o cabelo. Era assim. Sempre foi assim. Mas, não olho. Sigo em frente. E mesmo em cruz e ilhada, saio COMPLETA de nós.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Contradição era a sua condição

O cachorro estava quieto. Dormia. Ela, a dona, não possuía mais sonhos. Apenas vivia. Respirava. Se acreditasse em príncipes, esperaria por um beijo. Queria acordar. Despertar. Mas, não esperava. Pelo contrário, comia todas as maçãs. Já havia sido expulsa do paraíso. Esperança era só uma cor. Ou um gosto, não lembrava bem. Perfume é o que não era. Sabia de cor todos os cheiros. Do almíscar ao café. E de chuva, o seu preferido. Não tinha sombrinha. A água, portanto, escorria sobre seu rosto. Não era feita de açúcar, pensou. Apesar da doçura. Olhou o cachorro. Ele dormia. Sonhava. Alguém da dupla, enfim, era feliz. Ela quis sorrir. Não conseguiu. E uma lágrima caiu daqueles olhos da cor do mar.

sábado, 5 de setembro de 2009

Quem não tem cão CASA com gato

Era sim que eu 'ouvia' este ditado popular quando era pequena.

Pensava: Se eu não conseguir alguém legal, companheiro serve alguém bonito mesmo.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Repousar

Pousar novamente
Por um tempo
Para voar mais longe
Por mais tempo.
Voltar para o ninho
Fingir ser menino
Só para obter mais forças
Para ganhar o céu.

O céu não tem limite.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Igualdade, Fraternidade e Liberdade.

A peça mais importante do xadrez tem o mesmo movimento que o peão. Isto é Igualdade.

Os peões, as torres, os cavalos, os bispos e a rainha morrem pelo o rei. Isto é fraternidade.

Xeque-mate. Fim de jogo. Isto é liberdade.