quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Desculpe o transtorno, preciso falar da Liz*

Conheci ela em Fevereiro com todo o medo e emoção que uma gravidez traz. Em Abril a vi em sua primeira ultrassonografia. Batimentos cardíacos a mil. De nós duas.
E ela era tão engraçada: mãos na cabecinha; chupando o dedinho; acenando com as mãos. Foi amor `a primeira vista. Correspondido, eu acho.

Passamos algumas noites conversando ao som Marcelo Camelo e músicas francesas. (Nestas horas a gente aproveitava para fazer planos.)

Já vivi um tempo tão bom, mas parecia que a minha vida começava ali... com ela. Com ela dentro de mim vi todas  as séries. Dancei flamenco.  E matei quase todas as suas vontades de sorvete de caju, garapa e trufa de cereja. Escolhi roupinhas. E fiz amizades novas, algumas delas vou levar para sempre no coração. Com ela, fiquei mais bonita. Por dentro e por fora.

Mas, um dia ela se foi. E não foi fácil. Chorei mais que qualquer episódio triste de Grey`s Anatomy. Mais que o final de Marley & eu. E até hoje não tem um lugar que eu vá que eu não pense nela. E que não diga: você iria conhecer isto Liz. Você iria experimentar aquilo. Para sempre ela vai me fazer falta.

Neste mês ela nasceria. E eu achei que iria começar a chorar tudo de novo. Mas, o que me deu, até agora,  foi uma alegria de ter vivido este grande amor na vida. Obrigada filha.


**No dia 15 de Outubro é o dia Internacional de Conscientização sobre a Perda Gestacional e do Recém Nascido. E é de extrema importância promover discussões que alcancem mães e pais, avós, tios, amigos, profissionais e todos aqueles que vivem de perto os desafios e as dores que a morte de um bebê traz. #precisamosfalarsobreisto #vocênãoestásozinha #waveoflight

*Texto inspirado e parafraseado (praticamente) do Duvivier