sábado, 30 de janeiro de 2010

Preciso te escrever

Eu adoro ler você.
Quando você fica triste ou chora escondido no quarto, a sua janela da alma se fecha. E os seus olhos ficam pequenininhos como se você fosse nissei. Mas, se por algum motivo você se assusta ou tem medo de algo, as suas pupilas dilatam-se e gritam por socorro. Cândura.
O seu sorriso é sempre mistério. Enigma gostoso. Que eu ficaria horas para desvendá-lo. Mas, não posso e nem quero. Prefiro sonhar com o significado.
Vermelho realmente é a sua cor. Para a camisa e para a sua falsa timidez, quando alguém diz o quanto é bonito.
Mas, nem sei onde mora e para onde vai com tanta pressa quando passa por mim. Só sei que adoro ler você...

... e algum dia, preciso te escrever.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

:( for :)

Das histórias que nunca começaram, sei um livro. Sou um livro. Dos amores que não são de mão dupla, percorri quilômetros. Dos contos de fadas, sou a plebeia. A não convidada para o baile. Mas, diante das dores do mundo, sou 'cigarra'; sou página em branco, sou caminho florido. Então sorrio. Sigo em frente. Canto mesmo com a idéia de possuír um coração partido...

... e se pudesse, ajudaria de verdade alguém. Trocaria de dor.


(Um haitiano de 15 anos morreu com um tiro dado por um policial compatriota. E ele morreu agarrado à um saco de arroz dizendo que não havia roubado. Há dor maior? Há dor maior?)

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Paul Lênin

" Ele gostava tanto dessas palavras começadas por in- invisível, inviolável, incompreensível- que querem dizer o contrário do que deveriam. Ele próprio era inteiro o oposto do que deveria ser. A tal ponto que, quando o percebia intratável, para usar uma palavra que ele gostaria, suspeitava-o ao contrário: molhado de carinho. Pensava às vezes em tratá-lo dessa forma, pelo avesso, para que fôssemos mais felizes juntos. Nunca me atrevi" (Caio Fernando de Abreu)

Todos pensavam que era um pseudônimo ou algo inventado, mas não, era este o nome dele mesmo. Legítimo. De batismo e cartório.
Filho caçula de um pai com um idealismo comunista e de uma mãe fã de uma certa banda inglesa, o nome escolhido não poderia ser diferente. Ele se chamava Paul Lênin.
E era dessa forma que gostava de ser chamado. Não só pelo primeiro nome e muito menos pelo segundo, ele tinha que ser chamado pelo conjunto. Assim como são chamadas as Marias Carolinas e as Anas Luísas.
Ele era bonito. Não Giannechini, não Cauã Reymond, mas de certa forma bonito. E possuía charme. E sabia como usá-lo. Sabia-se bonito.
E isto o deixava INSUPORTÁVEL. Palavra esta que ela aprendeu a usar com ele. E haviam outras características que ela não suportava (ela não tinha tanto suporte como imaginavam).
Mas, ela não o deixava. Pelo contrário, não se imaginava feliz em outro lugar.
Ele bebia, era da noite, era promíscuo. Mas possuía algo que fazia com que ela voltasse sempre: Ele escrevia.
INSUPORTAVELMENTE BEM!

sábado, 23 de janeiro de 2010

Refém

Acordei pensando em você. Fui roubada de mim durante o sono. Não havia vigília. Apenas desejo. O meu super-ego não serve para nada. E portanto, não merece nenhum adjetivo.
Já fui assaltada de mim antes. Outras vezes. A criança portadora de Down do supermercado me levou fácil em seu sorriso e naquela palavra quase mágica, quase santa que me faz tanta falta.
A menina da periferia: 'Tia o shopping é bonito?' Fiquei encarcerada naqueles olhos e no brilho que o asfalto ainda não tirou. Posso ser escritora? Ela me perguntou. Sim, respondi. Sem saber que aquilo era um sequestro. Fiquei presa para sempre naquela menina que sonha. E naquele sonho de menina.
E agora esta música que insiste em me levar para longe.
Consegue escutá-la?
É flamenco.
A minha alma está cantante.
Baila Cameron por aí.
Com flores vermelhas amarradas ao pescoço.
Dança alma!
Canta corpo!
Que hoje é final de semana.
E eu vou dormir pensando em você!
Daleeee!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Platônico

-Amor.
Ele não disse. Não sussurrou. Nem pensou alto. Mas, ela ouviu. Quis ouvir. Interpretou assim em razão de um gesto. Não, ele não mandou flores. Bombons. Nem cartão com palavras bonitas. Ele só ofereceu uma carona para o mesmo lado...

E ela ouviu 'AMOR', já que poderia ter ido à pé.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Um certo nó na garganta

Hoje me sinto sufocada
Sufocada pelas palavras que não lhe disse
Sufocada pelos gestos que não fiz
Sufocada pelo beijo que não lhe dei
Sufocada pelo sorriso que lhe neguei
Sufocada por não mostrar o que eu senti
Quando você me disse adeus.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

sou da amÉRICA latina

Amo-te América. Soy loca por ti. Je suis fou. Pois até francês falamos. Não te troco pelo velho e nem por outro continente. E hei de percorrer os teus cantos. Cantar os teus cânticos. Dançar tua glória. Minha escolha. Nossa história. Mesmo que ela não seja tão feliz. De vencidos vencedores. De meninos sonhadores. De heróis de dia-a-dia...

Um amor que quase trago no nome!

(Erica sonhando com uma América mais digna, mais justa e unida na solidariedade)

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Existirá mesmo a terceira margem? Porque eu não quero atravessar a rua.

Você vai me convidar para entrar? Quero saber de quais cores são pintadas as suas paredes. E qual é o novo som que toca em seu vinil. Tomaremos café? Eu não, obrigada. Aceito água e conversaremos. Chega de Rembrandt ou Pondé. Quero falar de coisas simples. De sua cicatriz, por exemplo. Ou de como você quebrou o seu dedo. Tire os seus óculos escuros. Deixa eu ver a verdadeira cor dos seus olhos. Eles são míopes? Senta no chão. Fica descalço e me conta sobre o que você tem sonhado acordado. Qual é o nome da sua rua? Me passe o seu endereço. Cansei de imaginar a sua morada. A metrópole não para de crescer. E eu sei que vou me perder de você. Deixe eu entrar. Estou à sua porta. Antes que escureça. Antes que o tempo mude. Antes que...

Ah! Meu táxi chegou!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Dia oito

Nasci poeta. E não sabia. Sofro desta condição: de poetizar. De encontrar palavras para expressar o que sinto. E sinto tanto. Sinto muito. E pedir desculpas não adiantaria. Já o fiz. E na adiantada da hora suplico o seu nome. Suspiro sua volta. Com a porta entreaberta. Como se fosse uma letra de música que não escrevi. Ninguém escreveu. Mas, que toca como um bolero em meu display.'Ainda lhe espero', diz o refrão. Sei de cor cada verso seu. Eu versus você. Sem perdedores. Somos amadores. Nascidos no mesmo dia oito. De abril?

sábado, 9 de janeiro de 2010

Há muito barulho lá fora

A solidão é velha companheira de estrada para quem escreve. Por isso, os escritores são tão mal compreendidos. Eles trocam o agito da noite pelo silêncio do quarto. Pela página em branco. E vivem falando sozinhos, dialogando com a própria imaginação. E inventam pessoas, criam sabores e descrevem momentos. Como se estes fossem objetos que pudessem ser detalhados e embrulhados para presente. E se são amados, não sabem; estes pobres poetas. Mas amam. Loucamente. Sempre. E pela última vez.


Uma vez me falaram, se eu amasse de uma maneira que desse certo; eu pararia de escrever. (Caio Fernando, obviamente.)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Um pouco de cor

Vou adorar quando a sua pele morena se misturar com a minha pele branca, e se perder. Seremos café-com-leite. Feijão com arroz. E seus olhos de jabuticabas doces se confundirão na imensidão dos meus, da cor do mar. Mar verde. Igual de onde você veio. E em baixo de seus caracóis, minhas mãos, enfim encontrarão a tão desejada paz. Alegria cantada. Amor. Mas, você tem alma cigana. Aventureira. Só sabe chegar e partir. Sem razão. Sem raízes. E... sem lugar para mim.

E quando você for, Neguinho
Quem será a minha cor?

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Quando domingo é metáfora de dia bom

Adoro brincar de fazer planos. Sonhar acordada. Em decorar os espaços com a minha imaginação. De fazer origamis para fortalecer a fé. Adoro aquilo que os olhos não vêem, mas que o coração sente. Mistérios de nossa vã filosofia. Gosto de tudo que os cientistas não conseguem explicar, mas que os poetas sabem de cor...

... e podem até ensinar!

(Mais do que escrever, eu amo ler. Viva o Bandeira, Quintana, Drummond, Pessoa, Lispector, Vinicíus e Neruda que fazem de meu domingo sempre um dia de sol)