terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Paul Lênin

" Ele gostava tanto dessas palavras começadas por in- invisível, inviolável, incompreensível- que querem dizer o contrário do que deveriam. Ele próprio era inteiro o oposto do que deveria ser. A tal ponto que, quando o percebia intratável, para usar uma palavra que ele gostaria, suspeitava-o ao contrário: molhado de carinho. Pensava às vezes em tratá-lo dessa forma, pelo avesso, para que fôssemos mais felizes juntos. Nunca me atrevi" (Caio Fernando de Abreu)

Todos pensavam que era um pseudônimo ou algo inventado, mas não, era este o nome dele mesmo. Legítimo. De batismo e cartório.
Filho caçula de um pai com um idealismo comunista e de uma mãe fã de uma certa banda inglesa, o nome escolhido não poderia ser diferente. Ele se chamava Paul Lênin.
E era dessa forma que gostava de ser chamado. Não só pelo primeiro nome e muito menos pelo segundo, ele tinha que ser chamado pelo conjunto. Assim como são chamadas as Marias Carolinas e as Anas Luísas.
Ele era bonito. Não Giannechini, não Cauã Reymond, mas de certa forma bonito. E possuía charme. E sabia como usá-lo. Sabia-se bonito.
E isto o deixava INSUPORTÁVEL. Palavra esta que ela aprendeu a usar com ele. E haviam outras características que ela não suportava (ela não tinha tanto suporte como imaginavam).
Mas, ela não o deixava. Pelo contrário, não se imaginava feliz em outro lugar.
Ele bebia, era da noite, era promíscuo. Mas possuía algo que fazia com que ela voltasse sempre: Ele escrevia.
INSUPORTAVELMENTE BEM!

9 comentários:

Unknown disse...

O insuportável as vezes é tão suportável.

O Cauã ganha do Reinaldo heim!!!

risos

Abraços

Natália Corrêa disse...

Paul Lênin era insuportavelmente necessário para a felicidade dela.

Fernanda disse...

Tao bem,que até hoje é lembrado,por seu jeito de ser tão mais tão inteligente misturado com seu charme...

Maria Midlej disse...

HAHA
Adorei! *-*

Milca disse...

Adorei!
Muito bom!

Beijos!

Érica Ferro disse...

"Ele bebia, era da noite, era promíscuo. Mas possuía algo que fazia com que ela voltasse sempre: Ele escrevia.
INSUPORTAVELMENTE BEM!"

ERICA, PARA COM ISSO!

Como é que você descreve as coisas assim, as coisas da minha vida?
Ah, Erica, você me presenteia todas as vezes em que eu venho aqui, sabia?
Obrigada!

Beijo.

Unknown disse...

Somos conquistadas pelas palavras.

Gisa disse...

Ufa ! prefiro minha poeta insuportavelmente gentil. kkk
bjka

Renato Oliveira disse...

Oi Érica!
Ah, quanto tempo eu não vinha aqui.

Apenas hoje consegui (literalmente) retornar e retomar o blog.
E sinto-me super lisonjeado sabe, pois meu conhecimento sobre Teoria Lacaniana ainda é tão escasso, estou nos primeiros escritos. E tenho me identificado cada vez mais. Ontem estava terminando um livro cujo último capítulo falava sobre o grafo do desejo... aqueles três andares fazem curto-circuito na mente. rs

Sobre teu post, minimamente posso dizer que ser insuportável é ser chic. É deixar marcas.

Beijos.