Domingo à noite o telefone toca. É sempre assim. Quase no mesmo horário. Perto das oito. Nem precisa ver o identificador de chamadas. É ele, voltando de viagem.
O que ele quer dizer? 'Oi, gata. Estou com saudades!'. Não, ele não diria isto. Ele diria: 'Quero te ver'. Ele é prático. Homem de poucas palavras.
Ela sim sentia saudades. Não dele, mas da época em que eles, os dois, tentavam se conquistar. Um ao outro. Tempo bom. De conversa boa e cerveja importada.
Mas, agora eles estavam nus. Sem máscara e maquiagem. E o que um via no outro era sombra e solidão. Ficavam juntos para se sentirem sozinhos, acompanhados. Para um ficar ao lado do outro, distantes. Ausentes.
Sete e cinquenta e nove. O telefone toca. Não seria domingo se não tocasse. É ele, voltou de viagem. O identificador de chamadas confirma.
E ela se arruma. Passa batom. Fica Bonita. Deixa o telefone tocando...
E vai ao cinema sozinha...
sábado, 14 de novembro de 2009
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12 comentários:
Nossaaaaaa
Apreciei d+ teu blog...
Bem como este texto...
Mui belo!!!
Bjinn
=D
Não gosto de pessoas de poucas palavras, elas me parecem tão frias... Talvez por eu ser intensa demais, ou não.
Bjs :)
Que final estratégico ,e perfeito (:
adorei .
Talvez ele esteja a esperando no cinema..tudo pode acontecer nessa vida.
Desfecho em partes inesperado.
Gostei do texto.
Deve ser duro perceber que tudo virou costume e obrigação, e que não faz mais diferença nenhuma pra nós. Nunca passei por isso, mas sei que acontece.
Abraços.
porque o melhor é ser feliz pra nós mesmas, sem precisar dar satisfações à ninguém.
=*
Quando duas pessoas ficam lado a lado, sem interagir, sem sintonia, ficar ao lado do outro só para não sentir-se só (totalmente), é melhor cada um explorar sua solidão no seu canto, para, só assim, se encontrar com elas mesmas, e depois, quem sabe, encontrar-se de novo e serem duas pessoas efetivamente feliz.
Muito bom, como sempre, o post.
Grande abraço.
P.s: Ah, que bonitinho você lembrar de Romeu e Julieta com o meu poema.
Ah, uma coisa que quero te perguntar: você compete desde cedo? ^^
:*
No decorrer da leitura
lembrei-me desta música:
"Uh, se a gente já não sabe
mais rir um do outro, meu bem,
então o que resta é chorar[...]"
(Vento - Los Hermanos)
Bem, quanto ao texto
nem preciso comentar muito...
sempre bem feito, idéias
sempre interessantes.
"Sem máscara e maquiagem. E o que um via no outro era sombra e solidão."
Engraçado como o "sem máscara
e maquiagem" aí neste seu texto
se aplicou de maneira maléfica.
Daí vemos as várias facetas e
interpretações da nossa linguagem.
Eu leria como algo bom...
sem máscara, sem maquiagem,
sem dúvidas e mistério, só amor. =]
Abraços, querida!
Sempre um prazer vir aqui.
é isso aí moça! teu desfecho foi ótimo!
:)
A solidão acompanhada é a pior que existe :/
Desfecho perfeito !
Escreves lindo ,flor ;**
É isso aí. Quem não faz gol, toma!
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