Talvez fosse de propósito.
Talvez não.
Talvez fosse inconsciente.
E se não fosse, era para a sua própria proteção.
Tinha medo da entrega.
De perder a metade que era.
E era o avesso.
Se ela gostasse de poesia,
Ele seria a manchete do dia.
A realidade nua, crua e sem adjetivos.
Se ela gostasse do fogo.
Ele seria do signo da água.
Balde completo.
Líquido.
O gelo.
Se ela gostasse de santo,
Ele seria profano.
Não profeta,
Ateu.
Se ela gostasse de mel,
Ele seria ácido, azedo, cítrico.
Ou sal.
E com aquilo que ela mais amava,
Ele a machucava.
Cortava. Queimava.
Fazia bolhas.
E falava em silêncio:
Vai embora.
Saia.
Parta.
Me esqueça.
E o avesso do avesso tentava (?):
Fica.
Brinca.
Finja, se quiser.
Se inscreva.
Me escreva.
Atravesse este meu ser
E me 'desavesse'*
*
Desavessar: é colocar no avesso do avesso do avesso, assim como cantava Caetano...
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
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14 comentários:
"E se não fosse, era para a sua própria proteção.
Tinha medo da entrega."
Tenho vivido isso ultimamente. O medo de perder aquilo que acho que tenho, metade, sabe? Poema lindíssimo.
Me vi toda.
Que bonito!
Esses avessos sempre me confundem... Mas eles existem, e resta aprender a respeitá-los.
Gostei daqui!
que lindo,o avesso do avesso do avesso,nos faz mudar de opiniões de amores,por vermos tudo sempre de outra forma..me encanta a forma que vc faz poemas...
Essa coisa de ser avesso só pra machucar acaba machucando mais quem se virou e perdeu-se na não aprovação do outro.
É o que me parece, ao menos..
Quem disse que vc não sabe fazer poesia?
Sabe sim...
Eu que apenas escuto uma voz dentro de mim e escrevo..
Beijos
Olá Érica, onde se há fascínio; não se há avessos; do avesso em poema, duplas formas de carinhar. Gostei bastante do poema, estarei acompanhando.
Abraços Marco
To desavessando tudo aqui, mas dá trabalho...
Que lindo!
Me deixou do avesso: sem palavras. :)
Beijão
Sem palavras fiquei eu.
Me desculpe, mas só me resta achar lindo tudo isso.
Beijo.
Eu também sempre acabado gostanto do avesso, da antítese, do antonimo.
E ás vezes machuca né?
Adorei, como sempre.
Beijos.
E seus avessos me deram os meus:
Avessos
Se ao me fazer de vitima fui executor,
Se sem ser servo fui senhor,
Se ao dizer sim eu quis o não,
Se por tão menos eu quis mais,
Se guardei a mágoa sem perdão,
É porque no limite era capaz.
Foi em sorrisos que sofri.
Foi na solidão que me cerquei.
Foi sem despedida que parti.
Foi sim, perdido que me encontrei.
Se ao me fazer de claro fui escuro,
Se ao libertar você criei um muro,
Se ao lhe dizer nunca quis talvez,
Se ao pedir venha quis deixar,
Se não repetir fosse mais uma vez,
É porque o difícil era te amar.
Foi insensível que senti.
Foi em letras que apaguei,
Foi em verdades que menti.
Foi afirmando que neguei.
Oti. aah o bom e velho Caetano xD
adorei flor...
tah muito bom mesmo'
"Sempre mais do que se possa compreender é a vida... Deixa suas dúvidas e revira do avesso tudo o que puder... E como sempre seus textos maravilhosos. Parabéns
Saudades..."
att: Claudinha
Opa!! O que foi isso, moça? Muuuito bom, muito bem articulado...mexe com a gente...gostei muito do seu "Palavriar"...parabéns!!
Rafael
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